ALHO

A cultura do alho agora integra o Zoneamento Agrícola de Risco Climático no Brasil. O Zarc delimita áreas e épocas com menor risco para o plantio e a produção nacional. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou as portarias no Diário Oficial da União nesta terça-feira.

Os pesquisadores da Embrapa Hortaliças lideraram os estudos em parceria com produtores e universidades. O zoneamento orienta agricultores, agentes financeiros e seguradoras no planejamento da lavoura. Além disso, o sistema reduz prejuízos causados por eventos climáticos adversos.

O Zarc cobre regiões tropicais e subtropicais, onde o alho nobre predomina na produção brasileira. O plantio fora dos períodos indicados eleva significativamente o risco de perdas na colheita. Segundo o pesquisador Marcos Braga, o Zarc considera apenas fatores agroclimáticos. Por isso, o uso de manejo agronômico adequado continua essencial para bons resultados.

Produção varia conforme clima

O estudo analisou cultivares de alho nobre, que dominam o mercado nacional. Ou seja, essas variedades alcançam maior valor comercial e melhor aceitação do consumidor. O zoneamento separa as regiões conforme clima tropical e subtropical. Embora as cultivares sejam as mesmas, épocas e sistemas de produção mudam. Francisco Vilela destaca essa divisão como o ponto mais relevante do estudo.

Clima define produtividade

O alho exige condições específicas de temperatura e fotoperíodo para bom desenvolvimento. Ou seja, o fotoperíodo mede as horas diárias de luz solar recebidas pela planta. Cultivares nobres precisam de dias longos para formar bulbos comerciais. Portanto, quando falta luz, a planta cresce apenas vegetativamente, sem formar bulbos. Além disso, a cultura exige temperaturas controladas em cada fase do ciclo.

No início, a planta precisa de 18°C a 20°C. Depois, requer de 10°C a 15°C na fase vegetativa e na bulbificação.
Na maturação, as temperaturas ideais ficam entre 20°C e 25°C. O acúmulo de horas de frio favorece a resposta ao fotoperíodo e aumenta a produtividade.

Limites térmicos e altitude orientam plantio

No clima subtropical, a média deve ficar abaixo de 14°C. Além disso, a máxima não pode ultrapassar 31°C até a bulbificação. No clima tropical, a média deve ser inferior a 12°C. A temperatura máxima não pode passar de 32°C.
O estudo também adotou a altitude como critério auxiliar. Em áreas subtropicais, o plantio exige mais de 600 metros de altitude. Em regiões tropicais, a exigência sobe para 750 metros.

Vernalização garante produtividade

O alho nobre precisa passar pela vernalização antes do plantio. Esse processo submete o alho-semente ao frio controlado. A técnica reduz a exigência por baixas temperaturas e fotoperíodo longo. Assim, o cultivo se torna viável fora das regiões tradicionalmente frias.

A vernalização ocorre entre 3°C e 5°C ou entre -1°C e -3°C. A umidade deve variar de 65% a 70%. Hoje, produtores usam a técnica do Paraná à Chapada Diamantina. No clima tropical, a vernalização é obrigatória.
Já no Sul, produtores aplicam o método por segurança climática.

Irrigação é indispensável

A produção em sistema de sequeiro apresenta risco elevado. O sistema radicular superficial torna o alho sensível à falta de água. Mas o excesso também prejudica a qualidade e a produtividade. Por isso, irrigar corretamente é decisivo para o sucesso da lavoura. A demanda hídrica varia entre 400 mm e 850 mm por ciclo. No Brasil, o zoneamento considera apenas sistemas irrigados.

Doença inviabiliza cultivo

A podridão branca representa um dos maiores riscos à cultura. O fungo afeta todas as fases da planta.
A doença se desenvolve entre 10°C e 20°C. O patógeno sobrevive por longos períodos no solo.
Por isso, áreas contaminadas não devem receber novos plantios.

Acesso ao crédito exige cumprimento do Zarc

Produtores precisam seguir o Zarc para acessar o Proagro e o PSR. Esses programas garantem indenização em caso de perdas climáticas. Segundo Braga, o zoneamento protege o produtor. O sistema não impõe barreiras, mas aumenta a segurança financeira.

Parcerias fortalecem o estudo

O desenvolvimento do Zarc do alho contou com uma equipe multidisciplinar formada por especialistas da Embrapa Hortaliças, Embrapa Agricultura Digital, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Também participaram técnicos e representantes da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), da Associação Gaúcha de Produtores de Alho (Agapa), da Associação Mineira dos Produtores de Alho (Amipa) e da Wehrmann Agrícola.


FONTE:   AGRO EM CAMPO

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