EXPORTAÇÃO DE CAFÉ

As exportações brasileiras de café enfrentam um cenário desafiador em 2025. Apesar de uma receita cambial recorde de US$ 1,033 bilhão em julho, o volume de embarques despencou 27,6% no mesmo período, totalizando 2,733 milhões de sacas de 60 kg. Os dados são do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

O Brasil mantém os Estados Unidos como principal destino de suas exportações de café, representando 16,8% do total embarcado nos primeiros sete meses de 2025. No entanto, a tarifa de 50% imposta pelo governo americano em agosto promete alterar drasticamente esse cenário.

“Até julho, não observamos o impacto real do tarifaço, já que a medida começou a valer em 6 de agosto”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé. “As indústrias americanas possuem estoque para 30 a 60 dias, mas os pedidos de prorrogação já preocupam o setor.”

Impacto financeiro das prorrogações

As consequências financeiras das prorrogações vão além da simples postergação de embarques. Segundo Ferreira, o mercado internacional opera no formato “invertido”, onde contratos futuros mais distantes apresentam descontos significativos.

“O vencimento dezembro de 2026 na Bolsa de Nova York está com deságio de 9% a 10% frente ao dezembro de 2025”, detalha o presidente. “Prorrogar um embarque pode gerar perda adicional de US$ 10 por saca, além dos juros do ACC e custos logísticos.”

Resultados contraditórios no primeiro semestre

Enquanto o volume de exportações recuou 21,4% nos sete primeiros meses de 2025 (22,150 milhões de sacas), a receita cambial disparou 36%, alcançando US$ 8,555 bilhões – um recorde para o período.

Essa aparente contradição reflete os elevados preços internacionais do café, impulsionados pelo desequilíbrio entre oferta e demanda global.

Entre os cinco principais destinos do café brasileiro, a Alemanha ocupa a segunda posição com 2,656 milhões de sacas (-34,1%), seguida por:

Itália: 1,733 milhão de sacas (-21,9%)

Japão: 1,459 milhão de sacas (+11,5%)

Bélgica: 1,374 milhão de sacas (-49,4%)

China: nova fronteira ou expectativa exagerada?

O credenciamento de 183 empresas exportadoras brasileiras na China gerou expectativas no mercado. Contudo, Ferreira pondera que isso não garante aumento automático das exportações.

“A China importou 571.866 sacas de janeiro a julho, ocupando apenas a 11ª posição no ranking”, esclarece. “O crescimento deve ocorrer naturalmente ao longo dos próximos anos.”

Os cafés diferenciados (com certificações sustentáveis ou qualidade superior) representaram 21,5% das exportações totais, gerando receita de US$ 2,026 bilhões. Portanto, o preço médio de US$ 425,78 por saca confirma o valor agregado destes produtos.

Infraestrutura portuária concentrada

O Porto de Santos mantém liderança absoluta, concentrando 80,4% das exportações (17,809 milhões de sacas). O complexo portuário do Rio de Janeiro responde por 15,5%, enquanto Paranaguá registra apenas 0,9%.

O Cecafé trabalha diplomaticamente para incluir o café brasileiro na lista de isenções do tarifaço americano, argumentando que o produto não compete com a produção local americana e é fundamental para a economia de ambos os países.

“Nossa história comercial é muito maior do que este momento”, conclui Ferreira. “Com pragmatismo e diplomacia, devemos negociar em favor dos dois lados.”


FONTE;   AGRO EM CAMPO


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