BRASIL E JAPÃO
As negociações para abrir o mercado japonês à carne bovina brasileira estão avançando, mas com um foco que tem causado desconforto no setor: apenas três estados — Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina — estão sendo priorizados, representando menos de 4% do volume total de exportações do Brasil.
Enquanto isso, grandes produtores, como São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará, responsáveis por quase 60% das vendas externas, ficam de fora das tratativas iniciais.
Por que o Japão está negociando apenas com esses estados?
O Japão, um dos maiores importadores de carne bovina do mundo, tradicionalmente compra dos EUA e da Austrália, mas busca alternativas devido a tarifas comerciais. O Brasil, maior exportador global de carne bovina, tenta há 20 anos acessar esse mercado
A preferência pelos três estados do Sul se deve ao fato de terem sido os primeiros reconhecidos como livres de febre aftosa sem vacinação, um requisito sanitário crítico para o Japão. Em maio de 2023, o Brasil conquistou o status de “país livre de febre aftosa sem vacinação” pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), mas o Japão ainda exige avaliações adicionais por região.
Se aprovada, a abertura do mercado japonês pode:
- Aumentar a competitividade da carne brasileira frente a EUA e Austrália.
- Diversificar os destinos de exportação, reduzindo dependência de mercados como China e Hong Kong.
- Valorizar cortes premium, já que o Japão é um comprador de alto poder aquisitivo.
A negociação entre Brasil e Japão é uma oportunidade estratégica, mas a limitação inicial a três estados gera tensão no setor. A inclusão de mais regiões produtoras será crucial para equilibrar os interesses da cadeia bovina nacional.
FONTE; AGRO EM CAMPO