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Em um cenário econômico desafiador, o agronegócio brasileiro mais uma vez mostrou sua força e resiliência. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor registrou um crescimento de 4,48% no quarto trimestre de 2024, revertendo a tendência de queda observada nos trimestres anteriores. Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio encerrou o ano com uma alta de 1,81%, somando R$ 2,72 trilhões, o equivalente a 23,2% do PIB nacional.
Esse desempenho reafirma o papel estratégico do agro na economia brasileira. Mesmo diante da retração de 2,19%, puxada pela queda na produção e nos preços de commodities como milho, soja e algodão, o setor compensou com uma expressiva expansão de 12,48% no ano. Destaque para a agroindústria, impulsionada pelo aumento na produção e exportação de carnes, além da maior demanda por serviços ligados à cadeia produtiva.
Além do impacto direto no PIB, o agro foi responsável por quase metade das exportações brasileiras em 2024, cerca de 49,3%, segundo dados do Ministério da Agricultura. Soja, milho, carne bovina, frango, açúcar, café e celulose lideram as vendas externas, contribuindo para um superávit comercial de aproximadamente US$ 109 bilhões. Esse saldo positivo tem sido fundamental para equilibrar a balança comercial do país, compensando déficits em setores como a indústria de transformação.
O setor também se destaca como um dos principais geradores de emprego. Em 2024, foram cerca de 28,2 milhões de pessoas empregadas diretamente ou indiretamente pelo agro, representando 26% da força de trabalho nacional. De acordo com o Cepea, os rendimentos mensais médios desses trabalhadores cresceram 4,5% em relação ao ano anterior, acima da média registrada nos demais setores.
Sustentabilidade
Outro ponto que consolida a importância do agronegócio é seu avanço em sustentabilidade e inovação. Mesmo com aumento na produção, o segmento tem ampliado sua produtividade sem expandir significativamente a área cultivada. Entre 2022 e 2023, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) cresceu 1,9%, com incremento de 11,8% na produtividade e apenas 5% de aumento na área plantada. Tecnologias como agricultura de precisão, uso de drones, sensoriamento remoto, internet das coisas (IoT) e análise de dados estão transformando a maneira como se produz no campo, com mais eficiência e menor impacto ambiental.
Para 2025, as expectativas seguem positivas. A CNA projeta crescimento de 4,8% na produção primária, com foco na recuperação de culturas agrícolas e expansão das exportações, especialmente para mercados asiáticos e europeus. O Brasil, já consolidado como um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo, tende a ampliar sua presença global, mantendo o agro como vetor de crescimento econômico e segurança alimentar.
Por: Fábio Palaveri – Visão Agro